sábado, 12 de novembro de 2011

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO.

Num cantinho de um terreiro sentado num banquinho pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava.
De seus “olhos” molhados, esquisitas lagrimas desciam-lhes pelas faces e não sei porque contei-as. Foram sete. 

Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei.

 Fala, meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externa assim uma tão visível dor?

E ele, suavemente respondeu.

 Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.





A primeira, eu dei à estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...




A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.




A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram as entidades de pouco esclarecimento sobre a doutrina verdadeira do Mestre Jesus, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante.




A quarta, aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.




A quinta, á aqueles que chegam suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na doutrina do Cristo Jesus, nos Teus Caboclos e nos Teus ORIXÁS, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.




A sexta, eu dei aos fúteis que vão de templo em templo, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.




A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? 
Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os PRETOS VELHOS.
Fiz doação dessa aos médiuns vaidosos E EGOÍSTAS que só aparecem no templo em dia de festa e faltam às doutrinas.
fazem do terreiro o seu palco , onde exibem-se, maculando o espaço sagrado.
não se atentam ao esforço feito pelos guias em nome de sua redenção e evolução.
Esquecem que EXISTEM TANTOS IRMÃOS PRECISANDO DE CARIDADE, TANTAS CRIANCINHAS PRECISANDO DE AMPARO MATERIAL E ESPIRITUAL.
não conhecem a caridade plena.
nem reconhecem o AMOR que erradia a sua volta.
, não bebem  da água sagrada do riacho UMBANDISTA , vão apenas para lavar seus pés sujos.



Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma...
estas pesadas lagrimas.



Do livro: Umbanda de Todos Nós
W.W.da Matta e Silva (Mestre Yapacany)

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