sábado, 25 de agosto de 2012

Mestre João da Luz -


Mestre João da Luz - O Pajé do outro mundo.
Por Edmundo Pellizari

Minha madrinha espiritual, Dona Maria Tiana, me contou a história do velho Mestre João da Luz, também chamado de João de Casa Nova, por causa da cidade em que ele apareceu lá na Bahia.


Ele foi o fundador de uma religião estranha e mágica, que foi conhecida como Linha de Jurá (Linhajurá) por volta de 1925.

Não se conhece seu verdadeiro nome, data de nascimento ou lugar preciso.

Os mais velhos diziam que Mestre João foi um caboclo que "caiu no mundo", vagando pelo sertão e pelas matas do Norte, trabalhando e curando por vários arraiais, sem estabelecer-se em nenhum canto por muito tempo.

Segundo consta, ele era originário do Maranhão, de mãe índia e pai mulato.

Alto, magro, olhos puxados de caboclo, Mestre João jamais largava seu surrado chapéu de couro e o velho cachimbo.

Dormia no chão, comia pouco, não era dado a bebidas fortes e jejuava frequentemente.
Acordava bem cedo, se aprumava, enchia o pito com ervas de cheiro doce e soltava longas baforadas dizendo palavras que ninguém entendia. 

Depois tomava seu café e ia até a igreja mais próxima.


Homem de oração, João da Luz rezava durante horas sem mexer uma pestana sequer.

Até parecia que nem respirava mais. Era muito devoto dos santos católicos e falava sempre das coisas da Bíblia, que conhecia de memória.



Vestia-se simplesmente, gostava de andar com o pé no chão e trazia um saquinho de couro pendurado no pescoço, que jamais tirava. Um secreto talismã encontrado em uma gruta, segundo a tradição.



Falava mansamente, olhava fixo nos olhos das pessoas, impunha respeito pela presença e carisma que dele emanava.

Não teve professores ou mestres vivos.

Recebeu a religião do Jurá diretamente dos amigos do Outro Mundo.
Conta-se que ainda moço, tendo adormecido na mata ao lado de uma cachoeira, foi levado a um misterioso reino do astral e ensinado pelos habitantes de lá.



Este mundo encantado foi chamado por ele de "Império". 

Ali viviam muitos índios em aldeias enormes, com ocas bastante altas e multiformes. 

Algumas eram construídas de material luminoso, onde pareciam brilhar pedras coloridas como a turmalina e a esmeralda.

Os índios também eram diferentes dos daqui. 

Alguns eram verdes como folhas, outros eram dourados como ouro ou vermelhos como fogo. 

Tinham o corpo bem grande e falavam uma língua melodiosa, que nem canto de uirapuru. 

Quando despertou da visão e voltou para casa, Mestre João estava bastante assustado. Ficou amuado e doente por várias semanas. 

Sua cabeça doía, não tinha fome, sede e nem sono. 

Tremia sem parar, caia no chão desacordado ou corria para o mato e se enroscava nas plantas.

Sua mãe levou-o para um caboclo velho e pediu ajuda. 
O curandeiro benzeu João com pena e maracá, mas de nada adiantou. 

Certa noite, quando se comemorava a véspera dos Santos Reis (festa dos Reis Magos em 06 de Janeiro), Mestre João entrou em violento transe dentro de casa. 

Girando sem parar, começou a entoar um canto esquisito, pediu tabaco, cachimbo e bastante água. Disse que estava curado e tinha uma missão espiritual pela frente.

O rapaz que virou profeta saiu de casa e iniciou sua eterna peregrinação. 
Visitou pajés nas aldeias, foi atrás de benzedores, raizeiros e juremeiros no sertão. 

Entrou por florestas adentro, vagou por lugares desertos e praias desconhecidas. 
Foi dado como louco, beato e errante vagabundo. Anos depois, em data imprecisa, sumiu sem deixar rastro. 

Apareceu de repente, já homem feito, no interior da Bahia, exercendo modestos serviços manuais nas cidadezinhas que passava.

Chamava gente aos montes fazendo sua benzeção fantástica, encantando na língua dos habitantes do Além.

Quando esteve com alguns catimbozeiros, onde conheceu gente de muita sabedoria, bebeu fartas canecas de jurema-de-feiticeiro e nada aconteceu. 

Nada, nada, nem um transe sequer. 
A bebida fermentada parecia água para ele.


Isto chamou a atenção de alguns adeptos, que se acercaram dele e pediram para conhecer o seu segredo.

Mestre João, o "Pajé João" como foi chamado, foi mostrando aos poucos os mistérios do "Império".

Quando ele oficiava seu culto não usava jurema ou outra bebida de poder.

Apenas acendia seu cachimbo e uma vela de cera de abelha, fechava os olhos e tirava um canto lá do fundo da alma.

As pessoas ficavam enfeitiçadas, cambaleavam e tremiam, recebendo em seus corpos os estranhos habitantes das aldeias invisíveis.

O Mestre João não incorporava nenhuma alma ou divindade.

Ele se iluminava e encarnava o "Império" na terra.

Por ele fluíam o poder e o saber mais antigo do mundo.

João da Luz era a porta e a chave dos mais finos arcanos.

A tradição conta que muitas coisas faladas nas reuniões, que foram batizadas com o nome de "candeias", eram coisas proibidas para os homens comuns, gente sem moral, religião ou fé.

Assim nasceu o voto de silêncio dos iniciados pelo Mestre, aqueles que tinham ouvido as cantigas e as palavras dos seres imortais.

A denominação "Linha de Jurá" nasceu quando os iniciados se ajoelha¬vam aos pés do Mestre, faziam um voto de silêncio e assim se tornavam juramentados ou filhos de "Jurá".
Com a morte do fundador, a religião foi praticada discretamente, quase desaparecendo do sertão, não fosse o zelo de alguns companheiros que exerciam o culto da Jurema ou Catimbó.

O passamento de Seu João foi como a sua vida: um mistério.

Certa noite, de linda Lua Cheia, embrenhou-se na mata e desapareceu do mundo dos homens sem deixar rastro, passando a habitar o mundo dos espíritos.

Foi para o "Império", de onde olha o desenrolar de sua herança, sempre inspirando e ensinando, mas jamais incorporando nos filhos da terra.

Pois virou estrela, dizem os mais velhos, não cabendo na alma de ninguém.

O Pajé João se encantou...


Os filhos de Jurá ainda guardam a tradição, continuando a arte do Velho Mestre para a posteridade.

Muitos esperam a volta de João da Luz, que chegará no final dos tempos, liderando as tropas do "Império" na luta contra as trevas do mundo.

Viva o Jurá!

Viva o Mestre João!




quinta-feira, 23 de agosto de 2012


Historicamente ; o sincretismo já existia em outras religiões, como por exemplo, a católica, que incorporou em seu surgimento deuses romanos como santos, rituais pagãos como sacramento, hierarquias não religiosas; etc...

Na áfrica, onde onde os negros cultuavam suas centenas de orixás, havia sincretismo; pois cada orixá era ligado a algo material e tangível.

Quando escravizados eram vendidos separadamente; para diminuir os riscos de uma rebelião . isso enfraquecia os negros diminuindo as chances de se unirem ; devido as barreiras do dialeto e pelo fato de as tribos geralmente serem rivais.

Apesar destas dificuldades; os valores religiosos dos negros eram muito intensos; e junto chegavam sacerdotes; feiticeiros, e curandeiros que com sabedoria foram dizimando as disputas de outrora. Souberam ao longo dos tempos unir de maneira adequada os negros de várias etnias e línguas naquilo que tinham em comum: a crença nos ORIXÁS, INKICES OU VODUNS. Sem dúvidas este foi o primeiro sincretismo religioso do negro no Brasil; pois assimilaram e aprenderam a cultuar os ORIXÁS comuns; e eliminaram as outras dezenas de ORIXÁS afins.

A IGREJA CATÓLICA, com intenção de fazer desaparecer as tradições religiosas africanas; exigiu que os africanos fossem evangelizados; aprendendo rezas latinas; e o batismo, assistissem as missas e recebessem os outros sacramentos da igreja.. da necessidade do negro de não perder a sua matriz se fez o sincretismo do orixá com o santo católico. Ai percebeu-se a profunda religiosidade dos africanos e a força da crença nos ORIXÁS. Além de tudo os senhores e a própria IGREJA. Percebeu o maior rendimento do trabalho escravo quando podiam fazer o seu culto, e obrigou-se que as festas dos “santos negros” caíssem nas mesmas datas dos SANTOS CATÓLICOS.

.....o sincretismo neste caso acontece como única maneira dos negros não perderem a sua identidade; a sua matriz religiosa. E eu acredito que se DEUS não permitiu que se perde-se o culto aos sagrados ORIXÁS; apesar das inúmeras forças contrarias que existem até hoje. “NÃO É A TOA”
....É UMA MATRIZ RELIGIOSA ANCESTRAL E ANTIGA QUE CONSEGUIU SE MANTER E EVOLUIR , E GERAR NOVAS MATRIZES .
....sobrevivente da evangelização e do preconceito; 

com PODER.
ORIXÁS REPRESENTAM QUALIDADES DIVINAS. 

FONTE : www.fietreca.org.br

quarta-feira, 22 de agosto de 2012



Mensagem para meditação e reflexão.
de ANJO DA LUZ.

Elevamos os nossos pensamentos ao Senhor da Vida com humildade e respeito, sintonize o coração nas moradas do Pai celestial. Abra a consciência e sinta a energia superior, solte-se nas ondas do amor e leve a atenção no meio e no alto da cabeça, fortalecendo assim os nossos chacras.

Visualize num lago pequeno, um ponto de água bem cristalina e mantenha sua atenção. Em seguida, visualize uma estrela brilhante de cinco pontas emergindo-se da água e a estrela pairando sobre sua cabeça.

Visualize seu reflexo na água, fique assim por alguns segundos apenas relaxando a mente nessa imagem plácida. Na seqüência, imagine um botão de rosa branca emergindo das águas suavemente, as pétalas da flor vão se abrindo sob a luz da estrela acima. Parece que a flor respira o brilho estelar...E desabrocha contente no brilho.

Agora imagine que você é a flor que se abre, e que a estrela é seu amparador. Pense na ajuda invisível que você recebe e agradeça!

Imagine o quanto você é amado pelo amigo espiritual e fique contente.Você não está sozinho em meio às provas da carne, há uma estrela logo acima.

Às vezes você duvida disso, mas a estrela continua ali, e no silencio lhe beija! Ah! Quantas vezes você blasfemou e se queixou...E no silêncio alguém lhe abraçou!

Quantas vezes você chorou, e no silêncio alguém orava por você! E agora está aí você, uma flor desabrochando e no silêncio acima, a estrela. E no centro da imensidão da vida, o Pai celestial ri, porque entre as estrelas ele sabe que você é a rosa. O amparador extrafísico, a estrela, estão aprendendo.

A interação dos dois mesmo em planos diferentes equilibra ambos. E a vida sai ganhando, pois com vocês juntos há mais brilho no ar, você, o amparador e a estrela são irmãos.

Portanto desabroche feliz e agradeça a estrela pela presença sutil e amparadora. No lótus dá mil pétalas, você se abre à luz e no silêncio acima a estrela. E muito acima por entre as estrelas no silêncio sideral o sorriso do Pai celestial amparando hoje e sempre, o senhor esteja atrás de ti para lhe proteger, ao teu lado para lhe acompanhar, dentro de ti para lhe consolar, a tua frente para lhe guiar e acima de ti para lhe abençoar.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Amém.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Profano, Místico, Cósmico




Quando rememoro os estágios da minha evolução,
Quedo-me, horrorizado, em face dos abismos
Em torno dos quais peregrinei ...
Quando eu era profano,
Totalmente profano,
Ou não te via de modo algum,
Ou te via como múltiplo,
Porque só enxergava o teu mundo.
E como podia deixar de ser ateísta, ou politeísta,
Que não te via ou só te via em teus efeitos?
Quando me tornei místico,
Comecei a perceber-te como o Uno e único,
Longe do pluralismo dos teus mundos,
Que me pareciam teu inimigo e negador.
Também, que semelhança haveria entre a unidade e a pluralidade?...
Mas ... a minha profanidade de anteontem
E a minha mística de ontem
Culminaram na visão cósmica de hoje.
E nessa epifania incolor e onicolor
Da minha experiência cósmica
Eu te contemplo como Brahman e Maya,
Como Nirvana e Sansara,
Como Causa e Efeito,
Como o Transcendente e o Imanente,
Como o Deus do mundo e o Mundo de Deus ...
Mas, o que hoje sei de ti,
Ao fulgor da Luz Universal,
Nunca o poderei dizer a ninguém.
Verbalmente ou mentalmente...
O que de ti sei,
Em silenciosa experiência,
Nunca o poderei dizer à minha mente,
Nem a meus ouvidos,
Nem à mente e aos ouvidos de outros...
Só o sei no silencioso anonimato
Da minha sagrada experiência...
Pequeno e profano é tudo que é dizível
E pensável - Grande e sagrado é somente o que é indizível
E impensável...
Os "ditos indizíveis" vividos
No "terceiro céu" da experiência divina...
Tu, meu Deus, és a Luz Impolar
Em todas as luzes pluripolares,
Tu és o fecundo Silêncio
Em todos os ruídos estéreis,
Nos sons articulados dos homens
E nos sons inarticulados da natureza...
Quando, por momentos, o meu humano conhecer
Atinge o teu divino Ser,
Roçando com levíssimas asas de andorinha
As fímbrias do Infinito -
Então eu vislumbro o que tu és, ó anônima e silente Divindade!
Mas este meu saber jaz amortalhado
Em impenetrável mistério
Para meu ego consciente e vígil.
Porque esse saber da alma é o não-saber do Intelecto
E dos sentidos ...
Somente o meu silente Eu sabe o que tu és.
O meu ruidoso ego te ignora ...
Na imensa catedral do meu saber anônimo
Eu celebro a minha liturgia cósmica,
Adorando...
Amando...
Saboreando...
A vida Universal...

Huberto Rohden